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Ilustração: Gonçalo Viana |
Você já se imaginou vivendo 10, 20 ou 50 anos com a mesma pessoa? Sentindo sempre o mesmo prazer em sua companhia, o mesmo conforto em seus braços? Se a perspectiva parece interessante, agradeça ao seu cérebro (e se não lhe agrada, a culpa é dele, também). De certa forma, é curioso que laços afetivos fortes, como os amorosos, sejam tão importantes para nossa espécie. Tecnicamente, viver em sociedade, ou mesmo em pares, não é obrigatório para a sobrevivência de nenhum animal – vide tantos mamíferos, aves e outros bichos que procuram um par somente para o acasalamento e imediatamente depois seguem cada um o seu caminho.
Se gostamos de formar pares a ponto de investir boa parte de nossa energia, tempo e esforços cognitivos em convencer um belo exemplar do sexo interessante de que nós somos a pessoa mais sensacional e desejável na face da Terra, é porque o sistema cerebral humano, como o de outros animais sociais, é capaz de atribuir um valor positivo incrível à companhia alheia. Isso é função do sistema de recompensa, conjunto de estruturas no centro do cérebro especializadas em detectar quando algo interessante acontece, premiar-nos com uma sensação física inconfundível de prazer e satisfação e ainda associar esse prazer com o que levou a ele – o que pode ser uma ação, uma situação, um objeto ou... alguém.
Pesquisas neurocientíficas mostram que é possível sentir-se encantado pela mesma pessoa por décadas
Conforme o prazer se repete na companhia dessa pessoa, o valor positivo que atribuímos a ela é reforçado (enquanto torcemos para que o mesmo aconteça no cérebro dela, associando um valor cada vez mais positivo à nossa própria companhia, claro). É o que fazemos no período de namoro, quando conversas interessantes, passeios agradáveis, boa música, boa comida e carinho oferecem prazeres que vão sendo associados à companhia do outro. Se rola sexo, então, melhor ainda: o prazer do orgasmo funciona como uma cola extraordinária para o sistema de recompensa, que atribui (corretamente!) a satisfação incrível àquela pessoa específica (mas é verdade que isso não funciona tão bem em alguns cérebros...).
Com a repetição, o sistema de recompensa vai aprendendo a ficar ativado não apenas em resposta, mas também em antecipação à presença daquela pessoa. Esse prazer antecipado é a motivação, que nos dá forças para alterar compromissos, abrir espaço na agenda e ficar acordado madrugada adentro. Essa é a paixão, estado de motivação enorme em que se faz tudo em nome de mais tempo na presença do ser amado.
Quando vira amor? Essa questão é complicada, mas existe ao menos uma definição operacional curiosa: passado o ardor da paixão, descobre-se que se ama alguém quando pensar em uma vida sem ela causa angústia sincera e profunda. O amor é esse laço que faz seu cérebro achar que sua felicidade está vinculada à presença e à felicidade do outro e que fazê-lo feliz dá novo sentido à sua vida. Nesse estado, desejar o casamento é apenas natural.
Se é para sempre? Depende de vários fatores, alguns deles fora de nosso alcance, como ser traído (e não apenas sexualmente). A boa notícia da neurociência sobre a longevidade dos relacionamentos amorosos é que eles não estão necessariamente fadados ao esgotamento: é, sim, possível se sentir apaixonado décadas a fio pela mesma pessoa. E não é mero acaso de sorte: você pode fazer sua parte. É uma questão de continuar inventando e descobrindo novos prazeres a dois. Tudo para manter o sistema de recompensa do outro interessado em você...
Esta não é uma página pessoal. Todo o material é compilado por uma equipe de colaboradores, coordenada pela editora Ana Carolina Grignolli, jornalista especializada em comportamento.
Amiga, acho maravilhos viver toda uma vida ao lado de alguém que nos completa!
ResponderExcluirEsse negócio de estar trocando de parceiro não é saudável! Mostra um pouco de desequilíbrio emocional!
Até dois, ainda é normal, passou disso...não sei não!
Gostei do assunto seu blog! Estou seguindo-a, se desejar também seguir-me, seja bem vinda:
www.adeladialins1blogspot.blogspot.com.
Sucesso à vc.
Abraços.
Não creio que a ciência materialista saiba alguma coisa de "Amor". O amor é o motivo principal que move o nosso planeta, quer entre seres humanos, quer entre todos os seres que aqui evoluem. Em relação ao amor entre dois seres humanos, creio firmemente que ele é duradouro entre duas almas que tiveram a mesma origem e se desenvolveram em conjunto, isto é, duas almas gêmeas. Elas se separaram e viveram vários "eons" longe uma da outra e quando se encontram a complementaridade é tão grande que a atração é irresistível e a tendência é continuarem juntas até à união final com o Criador. Se voltarem a separar-se para aprenderem novas situações diferentes, certamente quando estiverem quase a terminar a sua evolução humana, voltarão a ficar juntas.
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