
Stendhal percebeu ali uma metáfora para o amor romântico: no momento em que começamos a nos interessar por uma pessoa, não a vemos mais como ela realmente é, mas como nos agrada vê-la. A percepção real é tomada por idealizações que a transformam em poesia aos nossos olhos. “Dessa forma, sempre exageramos as qualidades da nossa paixão e acabamos subestimando as falhas e as características negativas que ela possa ter”, diz o psicólogo Thiago de Almeida, especialista em relacionamentos amorosos.
Esse poço de virtudes do nosso bem-amado vai se esvaindo conforme o conhecemos melhor. E, exatamente por termos pintado a pessoa como ideal demais, quando a descobrimos real ficamos decepcionados. O campo dos relacionamentos é o que mais carrega nos traços de uma idealização excessiva, por isso as frustrações amorosas são as mais sentidas. O amor é a coisa mais triste quando se desfaz (como dizia Vinícius) porque ele é idealizado como perfeito demais para se desfazer. Nossa primeira noção de amor vem da nossa mãe, do amor absoluto que não tem fim. “E alguns continuam a exigir o incondicional amor materno, fantasiado e disfarçado em relacionamentos amorosos adultos”, escreve a psicoterapeuta Judith Viorst no livro Perdas Necessárias. Na vida real, os relacionamentos acabam, se desfazem – aposto que todo mundo tem aí algo para contar sobre o fim de uma paixão.
Porém, o lado bom dessa história toda é que, se superada a idealização, o contentamento romântico tende a amadurecer em uma união profunda. O que era pura “cristalização” dá lugar a um relacionamento real. Para que ele sobreviva às expectativas fantasiosas, é preciso aceitar que os galhos não são cristais de sal. Deve-se gostar dos galhos justamente porque eles são galhos – independentemente da forma como estejam recobertos.
A melhor maneira de evitar desilusões é planejar com realismo suas metas
Passada essa fase inicial, a próxima também tende a ser complicada: fazer o relacionamento dar certo a despeito das perspectivas que criamos com relação ao parceiro. Não existe segredo para isso, mas os especialistas aconselham que a honestidade pode ser uma boa saída para evitar frustrações. Ponha as cartas na mesa: deixe claro o que espera da relação e o que está disposto a fazer para ela dar certo – e em que não consegue ceder. Dessa forma, as expectativas tendem a ser mais realistas e não caímos na tentação de querer presumir o que o outro pensa ou deseja. Nem querer que o outro adivinhe o que esperamos dele.
Limites sem Traumas, Tânia Zagury, Record
O que nos Faz Felizes, Daniel Gilbert, Elsevier
Perdas Necessárias, Judith Viorst, Melhoramentos
Finding Happiness in a Frustrating World, Jim Johnson, Dog Ear
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